No Brasil, uma média de 100 mil pessoas morrem por ano em decorrência de doenças contraídas dentro de hospitais. Contudo, essa realidade pode mudar graças a uma inovação desenvolvida por uma empresa brasileira, apoiada com R$ 4 milhões pelo fundo Cventures, que tem a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) como um de seus investidores. Localizada no Sapiens Parque, em Florianópolis-SC, a Neoprospecta desenvolveu uma tecnologia capaz de fazer diagnósticos microbiológicos em larga escala, utilizando sequenciamento de DNA. “Nossa plataforma representa o futuro da análise biológica”, afirma Marcos Oliveira de Carvalho, diretor-presidente da empresa, ressaltando a importância da realização de uma “auditoria microbiológica dentro dos hospitais”: “Devido às limitações da tecnologia atual, não é possível controlar todas as bactérias presentes neste tipo de ambiente. Já descobrimos, por exemplo, que os jalecos dos médicos geralmente são contaminados porque não são retirados na hora do almoço”.
O método aplicado pela Neoprospecta não utiliza as chamadas placas de cultura – utilizadas para analisar as bactérias –, o que torna o processo mais rápido e específico, além de menos custoso. Segundo Oliveira, a escala de análise criada pela empresa é infinitamente maior do que a utilizada no método tradicional. “Enquanto é possível analisar somente uma espécie por vez através das placas de cultura, conseguimos verificar milhares de espécies em apenas uma amostra com as nossas plataformas, porque vamos direto ao DNA da bactéria”, explica.
Recorrentes no Brasil, as infecções hospitalares são um problema comum no mundo todo. Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo estimativas dos Centros de Prevenção de Controle de Doenças, de 5% a 10% dos pacientes internados desenvolvem alguma infecção associada ao atendimento.
Atuação em outros segmentos
Com três hospitais particulares como clientes em três estados diferentes (São Paulo, Porto Alegre e Minas Gerais), a Neoprospecta também pretende atuar em outras frentes. Oliveira explica que atualmente a empresa trabalha com duas plataformas: a Epiome, específica para uso hospitalar, e a Neobiome, que pode ser usada em diversos segmentos. De acordo com ele, no setor alimentício, por exemplo, uma empresa que fornece carne bovina normalmente colhe as amostras de somente uma entre 15 carcaças de boi que serão comercializadas, o que aumenta o risco de contaminação do alimento. “Com a nossa plataforma, é possível aumentar a intensidade desse controle de qualidade, analisando todas as carcaças com custo e tempo menores”.
Até o ano que vem, conta o executivo, a Neoprospecta pretende começar a comercializar kits de coleta e análise para pessoas físicas e pequenas empresas: “a ideia é que o usuário final encomende o material pela internet, faça a coleta e receba a análise de forma digital”.
Fonte: Finep
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