Como conectar pesquisa acadêmica à vida cotidiana? Esse questionamento é um dos principais desafios enfrentados por ações que buscam explicar à população o benefício e a importância da inovação em instituições acadêmicas. Não basta apenas usar termos técnicos de pesquisa; é fundamental exemplificar com situações do cotidiano em que a invenção pode ser útil e simplificar a linguagem na transmissão da informação. Esse é o ponto destacado por Wilson Galvão, assessor de comunicação da Agência de Inovação (AGIR) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O processo de inovação na UFRN compreende a proteção de invenções, seja por meio do patenteamento ou do registro de programas de computador, e a transferência de tecnologia, com impactos benéficos para a sociedade. Conforme divulgado na publicação Visão de Futuro, a universidade busca, nesta década, incluir o item de inovação à tríade de ensino, pesquisa e extensão, para se consolidar como uma instituição inovadora, inclusiva e socialmente referenciada. Parte dessa estratégia envolve tornar a informação científica mais acessível por meio de reportagens e boletins especiais.
“Esse direcionamento acontece dada a característica de que toda patente advém de uma pesquisa que se mostra uma combinação de descoberta científica, originalidade, aplicação industrial e inventividade”, explica Wilson. A divulgação visa tornar comum o que é produzido na universidade, além de incentivar a proteção das pesquisas realizadas na instituição, segundo o jornalista. Patentes são indicadores importantes para avaliar a capacidade de um país de transformar conhecimento científico em produtos ou inovações tecnológicas, reforçando a importância dessa abordagem.
Para despertar o interesse da população e mostrar como será beneficiada pela ciência produzida na universidade, Wilson conta que o uso de metáforas e temas corriqueiros, tomando cuidado com as terminologias, são ferramentas úteis para facilitar a compreensão. Ao escrever, o jornalista adota a perspectiva de que, para muitos, a UFRN é uma realidade distante e abstrata, assim como seria para um personagem imaginário que não frequenta a instituição. Para ele, na ponta do processo, o objetivo é estimular a alfabetização científica.
“Esse grupo de pessoas ainda é uma parte significativa da nossa sociedade, mesmo que essa realidade tenha mudado nas últimas décadas”, observa Wilson. “Penso que, se eu conseguir fazer com que esses personagens compreendam do que se trata a invenção, de como ele pode ser beneficiado pela pesquisa, da importância dela para a região em que vive, as demais pessoas também conseguirão assimilar o conteúdo”, reforça.
Ao todo, mais de 100 reportagens multimídia sobre propriedade intelectual foram contabilizadas desde a chegada de Wilson. A divulgação dessas informações é crucial para destacar a AGIR como agente impulsionador da transferência da tecnologia e para apoiar ambientes promotores de inovação na UFRN.
Pesquisadores também são beneficiados pela divulgação científica. De acordo com Wilson, a abordagem é uma forma de dar mais visibilidade às pesquisas e trazer benefícios adicionais, justificados pela necessidade de investimentos na continuidade do trabalho. Além disso, há editais de financiamento que consideram a repercussão como critério de pontuação. O Programa de Pós-Graduação também se beneficia, já que a Capes avalia o impacto social das pesquisas como um dos itens de classificação, e a repercussão pode servir como um indicativo positivo nesse aspecto.
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